La persistència de la memòria - 1931 - Salvador Dali - PcP |
Na minha cabeça este tempo de 14 anos não passou. A revolta, a frustração, a impotência, enfim, a doença, consumiu o tempo. Meus filhos cresceram e eu praticamente não os vi crescer. Agora numa fase já tardia de aceitação e tendo, sob certos aspectos, aprendido a manejar com a doença, esta percepção me vêm.
Este filme me trouxe à tona todo o tempo perdido, que teria sido menor, caso eu não fosse tão cabeça dura no início desta novela mexicana. Eu vivia brigando e me sentia revoltado, com aquela velha dúvida – Por quê eu?
O destino não nos pertence como dantes acreditava. Achava que “o homem podia tudo”, mas na vida real “chega a roda viva” e este “poder todo” é carregado, levado embora.
Muito se fala de que o Parkinson muda sua vida. Muito se fala de que o Parkinson muda sua vida para melhor. Não concordo, pois acho que isto é uma maneira de se confortar e faz parte do processo de aceitação. O Parkinson muda sua vida sim, e para pior. Mas não tenho dúvidas, o Parkinson te faz o mais humilde dos homens, mudando totalmente teus parâmetros de avaliar, conviver e viver a vida.
A propósito de doença, humildade e cabeça, li e me identifiquei, embora meu mal não seja Alzheimer, com “O Leite Derramado”, do Chico Buarque. É leitura difícil mas dá uma idéia, sob certo aspecto, de como pode estar a cabeça do parkinsoniano.
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