Há duas décadas trabalhando para o Jardim Botânico, Paul Busse usa a natureza para representar estruturas icônicas da cidade
Cenário nova-iorquino em miniatura, feito por Busse com materiais naturais (12/11) NYT |
24/11/2012 - Paul Busse caminhou da Catedral de St. Patrick até o Museu Guggenheim, em Nova York, e também da Prefeitura para a Biblioteca Pública. Ele quis ter certeza de que as samambaias e trepadeiras estavam apropriadamente colocadas nas fachadas, de que os lintéis feitos de canela em pau e postes estavam seguros e de que os trens estavam funcionando perfeitamente.
Busse é o mestre de obras de uma maquete de marcos da cidade de Nova York feita com diversos tipos de materiais naturais. Durante duas décadas, os monumentos, mansões e pontes, intercalados com miniaturas de trens, têm atraído dezenas de milhares de visitantes anualmente para a Exposição de Final de Ano de Miniaturas de Trens do Jardim Botânico de Nova York.
Mas hoje em dia, Busse, que vive em Kentucky, está tomando um pouco mais de cuidado, direcionando sua equipe com uma voz ainda mais suave. Há sete anos ele soube que tinha a doença de Parkinson, e hoje, aos 63 anos, com as mãos cada vez mais rígidas, ele delega a responsabilidade aos artesãos que ajudaram a criar essas e outras exposições de miniaturas de trens ao redor de todo o país.
Ele já não constrói maquetes sozinho ou coloca as estruturas complexas em sua paisagem. Ele se move ao redor das obras, mas às vezes precisa de equilíbrio – algumas vezes ele passou a impressão de que poderia cair a qualquer momento em cima de sua criação.
Ainda assim, ele diz: "Sinto como se minhas mãos tivessem se multiplicado por 25, e tem sido muito prazeroso poder presenciar alguns milagres que parecem me acontecer."
Este ano, Busse e sua equipe, que inclui seu filho, Brian, e seu sobrinho, Jason, irão instalar uma dúzia de exposições ao redor de todo o país, inclusive para o Jardim Botânico dos Estados Unidos, em Washington, o Arboretum Morris na Filadélfia e o Jardim Botânico de Chicago. Devido a sua saúde frágil, ele não participa de todas as viagens. Mas o jardim do Bronx tem um significado especial para ele. "Para mim", disse ele, "o Jardim Botânico de Nova York é uma espécie de apogeu dos jardins deste país."
A parceria tem sido igualmente proveitosa para o jardim. No ano passado, a exposição atraiu 216 mil visitantes. Tornou-se uma tradição de final de ano de Nova York, junto com a árvore do Rockefeller Center e as vitrines das lojas na Quinta Avenida, especialmente para os pais que não conseguem resistir a mistura de uma lição de arquitetura com a simples emoção de poder ver miniaturas de trens.
"Hoje, nossa coleção é tão grande que conseguimos alternar entre diferentes estruturas todo ano", disse Todd Forrest, vice-presidente de coleções vivas e de horticultura do jardim.
"Todo ano Paul reconfigura a maquete e eu lhe digo, 'Isso realmente parece diferente." Ele é brilhante a ponto de alterar a escala das coisas e de mudar os edifícios mais altos de lugar para criar um efeito diferente."
Paisagista, antigamente Busse vasculhava a floresta para encontrar materiais que poderia transformar em obras arquitetônicas. Gavinhas de videira é um substituto natural de ferro ornamental. Folhas de magnólia funcionam muito bem como tetos de cobre. Duas cascas de pistache formam perfeitamente o bumbum de um querubim.
Hoje em dia, ele manda sua equipe fazer a caça e a coleta. Ele também faz pedidos de itens exóticos, como brotos de eucalipto, que são bons elementos decorativos para casas em estilo vitoriano, e aceita presentes de admiradores, como o de uma mulher da Flórida que envia pacotes de folhas (para que ele as utilize como concreto para calçadas) e cascas de palmeira (para telas de proteção para varandas) .
Este ano, o Jardim Botânico solicitou que Paul Busse expusesse peças de sua coleção particular para mostrar a amplitude de seu trabalho, que inclui celeiros, faróis e monumentos nacionais. "O tema da nossa exposição é Nova York e sempre será Nova York, mas também queríamos celebrar Paul por ser o visionário que é", disse Forrest. "Isso é importante para nós, pois estou trabalhando com ele já faz muito tempo e tem sido uma colaboração muito gratificante."
Mas será que Busse ainda consegue imortalizar outro ícone de Nova York em casca de pinheiro e galhos? "Com certeza", insistiu Forrest.
Busse disse que gostaria de fazer os Claustros, a unidade do Museu Metropolitano de Arte em Upper Manhattan. Localizada mais ao norte, ele sempre foi apaixonado pela Casa Octagon, uma residência privada em tons de rosa na região de Irvington, Nova York, que ele comparou a um bolo de casamento vitoriano. "Tudo isso está na minha lista", disse ele.
Seu filho não tem dúvida de que Busse ainda irá construir muitos outros edifícios. "Embora ele não esteja bem fisicamente, emocionalmente está cada vez melhor", disse Brian Busse. "Agora sua missão é a de ensinar e confiar." Fonte: Último Segundo IG.
Editado com LibreOffice Writer
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