quarta-feira, 2 de janeiro de 2002

Not�cias do Para�so

A segunda parte do livro Not�cias do Para�so, de David Lodge, tem dois cap�tulos, sendo que o primeiro � um di�rio que come�a em �S�bado, 12 [p.135] e termina na Quarta-feira, 16 [p.199-206. O Segundo cap�tulo [p.207 a 221] s�o transcri��es de cartas de turista em visita ao Hawai a familiares e anota��es do narrador. Uma delas me chamou � aten��o por tratar-se de um texto pretensamente cient�fico, contendo outra refer�ncia � obra de L�vy-Strauss (sic). Heis a �ntegra: �Esbo�o de introdu��o. � A categoriza��o da motiva��o do turista em rela��o ao �desejo de passear�ou ao �desejo de sol� (Gray, 1970) n�o � satisfat�ria, o mesmo acontecendo com a sugest�o de Mercer de uma taxonomia das f�rias baseada numa �redu��o de monotonia� (Mercer, 1976). Tipologia mas v�lida � a que se baseia na oposi��o bin�ria cultura/natureza. Podemos discriminar dois tipos b�sicos de f�rias, em fun��o da �nfase que � dada, respectivamente, ao contacto com a cultura ou com a natureza: as f�rias como Peregrina��o e as f�rias como Para�so. O primeiro tipo � caracteristicamente representado pelas excurs�es em auto-carro para visita a cidades, museus, castelos, etc. (Sheldrake, 1984); o segundo, pelas f�rias em est�ncias balneares, onde o indiv�duo em causa luta por um regresso ao estado puro, � inoc�ncia anterior ao pecado original, fingindo que pode viver sem dinheiro (assinando vales, utilizando cart�es de cr�dito ou, como nas aldeias do Club M�d, contas de pl�stico), entregando-se a actividades mais f�sicas do que mentais e usando o m�nimo de roupa. O primeiro tipo de f�rias � essencialmente m�vel ou din�mico e faz por integrar um n�mero m�ximo de coisas vistas no tempo dispon�vel. O segundo � essencialmente est�tico, tendendo para uma esp�cie de rotina intemporal e repetitiva, t�pica das sociedades primitivas (L�vy-Strauss, 1967, p. 49).
Nota. � Ao que parece, o Club M�d falhou nas suas tentativas de se estabelecer no Hava�. Porqu�?� A�, pensei com os meus bot�es: mais trabalho para os alunos.
Coincidentemente neste dia voltei a ver o filme Shirley Valentine. Trata-se da hist�ria de uma t�pica dona de casa de classe m�dia baixa inglesa que um dia acompanha uma amiga em uma viagem de turismo de duas semanas �s ilhas gregas e resolve ficar por l� obrigando o marido a ir ao seu encontro. O filme termina quando os dois sentam-se ao por do sol numa praia para discutir suas diverg�ncias. O expectador n�o fica sabendo o destino dos personagens. Mas presume-se que o algo mudar� profundamente na rela��o.

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