domingo, 14 de setembro de 2003

QUASE




Quase... (Luiz Fernando Ver�ssimo)

Ainda pior que a convic��o do n�o � a incerteza do talvez, � a
desilus�o de um quase.
� o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata
trazendo tudo que poderia ter sido e n�o foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu est� vivo,
quem quase amou n�o amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nunca sair�o
do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, �s vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;
ou melhor n�o me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, est� estampada na dist�ncia e frieza dos sorrisos,
na frouxid�o dos abra�os, na indiferen�a dos "Bom dia", quase que
sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem at� pra ser feliz. A paix�o queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas n�o s�o.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar n�o teria ondas, os
dias seriam nublados e o arco-�ris em tons de cinza.
O nada n�o ilumina, n�o inspira, n�o aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
N�o � que f� mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
para as coisas que n�o podem ser mudadas resta-nos somente paci�ncia por�m,
preferir a derrota pr�via � d�vida da vit�ria � desperdi�ar a oportunidade
de merecer.
Pros erros h� perd�o; pros fracassos, chance; pros amores imposs�veis, tempo.
De nada adianta cercar um cora��o vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim � instant�neo ou indolor n�o � romance.
N�o deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impe�a de
tentar.
Desconfie do destino e acredite em voc�.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem
quase morre esteja vivo,
quem quase vive j� morreu.

Enviado por Sheila Claussen.. filha de Daisy-- pk

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