EUTANÁSIA: CONTRA OU A FAVOR?

O programa Marília Gabriela Entrevista, do canal de tv a cabo GNT, trouxe uma entrevista com o Dr. Cláudio Cohen e a Dra. Maria Das Graças Oliveira, ambos médicos psiquiatras da USP, o primeiro a favor e a segunda posicionando-se contra a eutanásia.

Este assunto foi abordado por três filmes que foram sucesso de público (“Invasões Bárbaras”, “Menina de Ouro” e “Mar Adentro”) e dominou a mídia internacional durante as duas últimas semanas com a batalha legal em torno do caso Terri Schiavo, uma americana em estado de morte cerebral, cujo tubo que a alimentava foi retirado, acarretando sua morte após 13 dias.

O Dr. Cohen distingue eutanásia passiva e eutanásia ativa. A primeira (ortotanásia) refere-se à permissão, nos casos irrecuperáveis, de deixar o “processo de morrer” seguir seu curso, permitindo ao paciente “morrer em casa”. Ambos os entrevistados estão de acordo com esse procedimento. O segundo tipo de eutanásia, a ativa, condenada pela Dra. Maria das Graças, implica em “precipitar a morte”, seja atendendo pedido do paciente ou por iniciativa própria do médico ou de outra pessoa, mesmo sob o argumento de compaixão ou misericórdia. A exceção seria o caso de morte cerebral comprovada, uma vez que tecnicamente não há eutanásia na presença de morte.

Os argumentos do Dr. Cohen a favor da eutanásia estão baseados nos conceitos de “autonomia do indivíduo” e “qualidade de vida”. Os argumentos da Dra. Maria das Graças contrários à prática prende-se ao fato de que vê a vida “como um grande mistério” e um dos “maiores dilema da humanidade”, pois a “ciência não conseguiu ainda explicar o que é a vida e a morte”. O Dr. Cohen manifestou-se favorável às pesquisas com células embrionárias, inclusive à clonagem, e ao aborto, enquanto a Dra. Maria das Graças se coloca contra o aborto e à pesquisa com células de fetos. O Dr. Cohen se diz agnóstico e a Dra. Maria das Graças católica praticante.