sexta-feira, 22 de abril de 2005

A Igreja Católica Romana

A ferrenha oposição da Igreja Católica Romana ao aborto a tem colocado em rota de colisão com uma das mais promissoras frentes de pesquisa da ciência médica: a pesquisa com células-tronco embrionárias. As células de embriões em seus primeiros dias guardam a capacidade de dar origem a todos os tipos de tecidos (como ossos, pele e músculos). Pesquisá-las com esse fim, porém, implica a destruição dos embriões. Para a Igreja Católica, a vida começa no momento em que óvulo e espermatozóide fundem-se. Essa doutrina, agora, interpõe-se à possibilidade de portadores de doenças graves - como o mal de Parkinson, de que o Papa João Paulo II foi portador - obterem cura. A Igreja não se opõe à pesquisa com células-tronco, contanto que sejam as adultas - mais raras e, aparentemente, menos versáteis. O Brasil, o maior país católico do mundo, aceita a pesquisa com células-tronco de embriões que seriam descartados por clínicas de fertilização.

Os mesmos princípios colocam a Igreja contra a clonagem humana. Na oposição à clonagem para fins reprodutivos - a criação de bebês que são clones de outras pessoas - o Vaticano não está sozinho. Atualmente, o repúdio é mundial, e a pretensa pesquisa está nas mãos especialistas considerados aventureiros. Quando se fala da clonagem para fins terapêuticos, porém, a voz da Santa Sé se afina com a do atual governo conservador dos Estados Unidos. O objetivo da clonagem terapêutica é a obtenção de células-tronco embrionárias geneticamente compatíveis com o paciente que vai recebê-las mais tarde. O Vaticano considera tal manipulação da vida inaceitável.

A Igreja também se verá com mais freqüência diante de dilemas relacionados à manipulação genética. Um dos objetivos de pesquisas para alteração genética de animais é a obtenção de órgãos "humanizados" para transplantes. A Igreja vê tais experiências com desconfiança.

No outro extremo, debates em relação à dignidade da morte também têm se tornado acirrados. A eutanásia ganhou aceitação em alguns países europeus nos últimos anos, para desgosto da Igreja. Nos Estados Unidos, os dias que antecederam a morte de João Paulo II foram marcados pela batalha jurídica em torno de Terri Schiavo, uma mulher que vivia em estado vegetativo e cuja sonda de alimentação foi retirada, por decisão da Justiça. O Vaticano apoiou abertamente os pais de Terri, que se opunham à retirada do tubo, determinada pelo marido, que por sua vez dizia seguir o desejo de Terri.

Fonte: Globo Online.

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