quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Entrevista: Sidarta Ribeiro fala sobre pesquisas da memória e dos sonhos

'Eu queria descobrir o que era um pensamento, o que era uma ideia, o que era um sonho, o que era consciência... E desde então estou neste caminho', afirma

06/09/2012 - A trajetória de Sidarta Ribeiro é marcada por relevantes contribuições no campo dos estudos do cérebro e pela corajosa originalidade de suas escolhas e metas. Sua ousadia de se lançar por caminhos ambiciosos e inovadores pode ser explicada pelo fato de que ele, realmente, acredita em sonhos. Neste caso, entretanto, essa crença não se confunde com clichês de autoajuda.

Sidarta acredita no sonho como fenômeno capaz de elucidar aspectos vitais da atividade cerebral dos sonhadores – de todos nós, portanto. Incorrendo na “heresia” de testar em laboratório ideias de Sigmund Freud, que nunca chegaram ao mainstream científico e haviam passado cerca de meio século banidas das Neurociências, o pesquisador realizou descobertas pioneiras sobre processos neuronais ligados à memória, ao aprendizado, às capacidades de adaptação e inovação.

Mas Sidarta também acredita nos sonhos da vigília e da vontade. Tanto que, aos 33 anos, depois de fazer um doutorado e um pós-doutorado de grande sucesso em centros de pesquisa norte-americanos do mais alto nível, mudou-se de “mala, berimbau e cuia” para o Rio Grande do Norte com o objetivo de coordenar um projeto que ainda engatinhava e muitos de seus pares consideravam quase delirante. Sidarta apostou sua brilhante carreira no sonho de fazer ciência de ponta e transformação social na “periferia da periferia”, sob a liderança de Miguel Nicolelis, no Instituto Internacional de Neurociências de Natal (que depois incorporou os nomes de Edmond e Lily Safra, e passou a ser conhecido pela sigla IINN-ELS). Nesta entrevista, Sidarta Ribeiro relata sua trajetória, revela suas motivações e antecipa novas e importantes descobertas feitas nos laboratórios de Natal. (...)

GU – Suas pesquisas atuais concentram-se na área de sono e memória?
SR – Sono e memória é a primeira área de pesquisa do meu laboratório, mas há uma segunda área, que é comunicação vocal e simbólica em animais. Os animais usam símbolos. Os macacos, por exemplo, usam palavras, substantivos, para designar coisas. E isso é algo que me interessa muito, tanto na dimensão teórica quanto empírica. Já publiquei alguns trabalhos sobre isso e empiricamente a gente está trabalhando com saguis para identificar as áreas do cérebro envolvidas na comunicação vocal. Estamos começando a montar um sistema para estudar as interações linguísticas entre os saguis. Além disso, trabalho com o Miguel Nicolelis em áreas que são mais dele do que minhas, como as pesquisas sobre Parkinson e a biocompatibilidade em eletrodos, que faz parte do desenvolvimento de tecnologias que darão capacidade de movimento para pessoas que perderam membros ou sofrem de paralisia. E agora também estamos trabalhando num tema que os especialistas chamam de “modalidade cruzada das áreas primárias”. A partir de um resultado inesperado que apareceu meio por acaso num experimento de sono, criamos uma nova linha de pesquisa. (segue...) Fonte: Globo Universidade G1.

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