sábado, 20 de outubro de 2012

Lygia da Veiga Pereira: Uma introdução às células-tronco

Leia o artigo da professora associada e chefe do Laboratório de Células-Tronco Embrionárias da Universidade de São Paulo (USP)

20/10/2012 - Células-tronco (CTs) são células “curinga” que podem se multiplicar e dar origem a neurônios, células de músculo, de fígado, do pâncreas ou de sangue, entre outras, e assim tratar diferentes doenças humanas. As CTs podem ser divididas em dois grandes grupos: as adultas e as embrionárias. (…)

Células-tronco embrionárias
Como o nome sugere, as CTs embrionárias são derivadas de um embrião. Identificadas no início dos anos 1980 em camundongos, essas células são extraídas de embriões de três dias de desenvolvimento – os chamados blastocistos. Nesse estágio do desenvolvimento, o embrião é composto de aproximadamente 150 células, que se dividem em dois tipos: aquelas que vão dar origem à placenta e as que darão origem a todos os tecidos do ser humano – as células do botão embrionário. Estas são retiradas do embrião e multiplicadas no laboratório em condições muito especiais, de forma a manter sua extraordinária capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula – músculo, neurônio, sangue, pele e assim por diante. Notem que, enquanto as CTs adultas podem dar origem a somente alguns, as CTs embrionárias são capazes de dar origem a todos os tipos de célula do corpo humano – afinal, é isso que elas fariam se continuassem naquele embrião.

No entanto, se queremos usar as CTs embrionárias como fonte de tecidos para transplantes, antes de transplantá-las é necessário ainda no laboratório dirigir a sua especialização nos tipos celulares desejados. Nos quase 30 anos de pesquisas com CTs embrionárias, descobrimos como, no laboratório, multiplicá-las e transformá-las em células da medula óssea, do músculo cardíaco, em neurônios, entre outras. E mais: quando transplantadas em animais doentes, estas células derivadas das CTs embrionárias foram capazes de aliviar os sintomas de diversas doenças, desde leucemia e doença de Parkinson até paralisia causada por lesão de medula espinhal. (…)

Perspectivas
Em conclusão, nos próximos anos colheremos os frutos de toda pesquisa básica e clínica feita com os diferentes tipos de CTs. Saberemos quais células são mais adequadas para o tratamento de quais doenças; qual o valor terapêutico de outros tipos de CTs adultas, como as da gordura, cordão umbilical e placenta; conseguiremos controlar a especialização das CTs embrionárias de forma a produzir tecidos seguros para uso em humanos. Assim, finalmente poderemos verificar se os importantes efeitos terapêuticos observados em animais se reproduzem nos pacientes, tratando doença de Parkinson e diabetes ou ajudando um paralítico a recuperar os movimentos. Além disso, o conhecimento básico sobre biologia humana adquirido nas pesquisas com CTs se traduzirá de formas indiretas em melhorias na nossa qualidade de vida. Fonte: Globo G1.
Editado com LibreOffice Writer

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