domingo, 30 de dezembro de 2012

Tratamento de Parkinson pode aumentar a criatividade

por Abigail Klein Leichman

30 December, 2012 - Uma neurologista de Israel compilou estudos sobre pacientes que de repente começaram a esculpir, desenhar ou escrever, enquanto estimulados pela droga dopamina.

Encontrar o artista escondido - pacientes de Parkinson tomando a medicação estimulante dopamina encontraram um súbito desejo de pintar. A neurologista israelense Dr. Rivka Inzelberg notou há anos que os pacientes que tomam a medicação estimulante dopamina para controlar os sintomas da doença de Parkinson não lhe trouxeram “a caixa de chocolates habitual em tempo de férias”. Em vez disso eles trouxeram desenhos, esculturas ou poemas que tinham criado, apesar de nunca terem sido inclinados artisticamente antes.

"Eu vi que estava tornarndo-se um fenômeno, e olhei na literatura para ver se alguém já havia trabalhado nisso", diz ela ao ISRAEL21c. "Descobri muitos artigos sobre os pacientes que se tornaram artistas no contexto de serem Parkinsonianos."

Inzelberg já escreveu seu próprio artigo, a ser publicado na revista Behavioral Neuroscience, que analisa e resume todo o conhecimento acumulado, até agora, sobre este fenômeno. No artigo, ela também traz perguntas relacionadas sobre o papel da dopamina - um neurotransmissor do cérebro que está carente de pessoas com Parkinson - na criatividade humana.

Inzelberg, que trata pacientes no Sagol Joseph Neuroscience Center, no Sheba Medical Center e é professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Tel Aviv, diz que a ligação entre a dopamina e tendências artísticas tem sido observada por anos.

O artista Vincent Van Gogh sofria de esquizofrenia, que é caracterizada pela produção excessiva de dopamina. E psico-estimulantes tais como cocaína e Ecstasy aumentam a dopamina no cérebro.

"As pessoas pensam que essas drogas ajudam a tornar-se mais criativos, mas não há nenhum estudo sistemático que verifique isso, exceto estudos anedóticos entre os toxicodependentes que mostram a criatividade ou uma elevada auto-medida do talento", adverte Inzelberg.

Lado negro da dopamina

Dopamina demais também podem causar comportamentos impulsivos, porque esta substância no cérebro é responsável pelo controle do comportamento de recompensa e busca de prazeres.

"A sensação de felicidade de atividades gratificantes é transferido pela dopamina no cérebro", explica ela. "É possível que, em pacientes com Parkinson, quando tomam esses medicamentos para aliviar sua deficiência muscular, um efeito colateral pode ser uma necessidade de fazer coisas que dão prazer de uma forma hiper acentuada como hobbies ou jogos de azar."

Um dos estudos de caso que ela leu envolveu um paciente de Parkinson medicado que pintou compulsivamente todo o dia, mas parou quando a dose foi reduzida.

Inzelberg salienta que nem todos os pacientes de Parkinson estimulados por drogas como dopamina desenvolvem a criatividade ou impulsividade. Ela e vários colegas estão construindo uma bateria de testes para medir as habilidades criativas e controle dos impulsos, a fim de descobrir por que alguns pacientes com estimulantes de dopamina desenvolvem estas características, enquanto outros não.

"Isto é importante para uma melhor compreensão da base neurológica da criatividade "normal" em seres humanos. É possível algo mais além de dopamina esteja o influenciando? Questiona Inzelberg.

A principal área de interesse durante os últimos 25 anos de sua prática médica tem sido doenças do envelhecimento do cérebro, incluindo tanto a de Parkinson como de Alzheimer. Cada uma destas condições afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

"Eu estou interessada na epidemiologia da doença, o que muda o seu aparecimento e evolução, fatores genéticos que influenciam o curso da doença; e também doenças concomitantes"

Ela explica que as pessoas com doença de Parkinson parecem estarem protegidas de todos os tipos de câncer, exceto para o câncer de pele, pois eles realmente têm um risco maior de desenvolver este tipo de câncer. "Se pudermos encontrar porque eles têm essas baixas taxas de câncer de outros tipos, isso seria importante para salvar vidas", diz Inzelberg. (original em inglês, tradução Hugo) Fonte: Israel 21c.il.

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