quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Pesquisador se descobre psicopata ao analisar o próprio cérebro

James Fallon diz que descoberta abalou suas convicções sobre o poder da herança genética de determinar o futuro de um indivíduo.

24/12/2013 - Um neurocientista americano que fazia estudos com criminosos violentos descobriu, por acaso, que ele próprio tinha "cérebro de psicopata".

Casado e pai de três filhos, James Fallon, professor de psiquiatria e comportamento humano da University of California, Irvine (UCI), disse
à BBC Brasil que a descoberta fez com que ele reavaliasse seus conceitos a respeito de quem era. E transformou suas convicções enquanto cientista.

A experiência de Fallon, descrita no livro "The Psychopath Inside", teve grande repercussão na internet. Comentando o caso, um neurologista ouvido pela BBC disse que estamos interpretando os conhecimentos gerados pela genética de maneira "perigosa".

"Os profissionais estão atribuindo importância excessiva para a carga genética de uma pessoa, como se isso, por si só, fosse capaz de determinar o futuro de um ser humano", disse Eduardo Mutarelli, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Para ele, a experiência de Fallon ajuda a reequilibrar o debate que contrapõe a influência da herança genética à do meio (nesse caso em particular, a influência civilizadora da família e da sociedade sobre o indivíduo). (...)

"A genética hoje trabalha muito com probabilidades, com potencial genético e fatores de risco", disse Mutarelli. O médico citou como exemplo doenças como o Mal de Alzheimer ou o Mal Parkinson.

"Com o conhecimento atual, sabemos que existe uma certa carga genética associada a essas doenças. Mas você carrega um certo fator de risco e isso vai se transformar em doença caso outras coisas contribuam para isso", explicou.

"Você não se cuida, não come direito, esses são fatores de risco para que a pessoa venha a desenvolver a doença", observa. Mas trazendo a discussão de volta para o caso de James Fallon, Mutarelli faz uma ressalva: "No caso dele, se ele tem um exame de imagem de cérebro que é igual ao de um psicopata, ele só não é psicopata porque foi bem educado".

"O lobo frontal está desregulado, a alteração existe na experiência dele e a ressonância mostra a alteração, ou seja o gene foi ativado. Ele só não é um serial killer por causa da família", reforçou o professor.

E concluindo: "O jeito de mudar o mundo é educando". Matéria completa na Fonte: Globo G1.

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