segunda-feira, 26 de maio de 2014

Cabeleireiro diz que PM confundiu alergia com embriaguez após acidente

Motorista de São Carlos (SP) passou mal ao volante e colidiu contra veículo.
Policiais o encaminharam à delegacia sem realização do teste do bafômetro.

25/05/2014 - Um morador de São Carlos (SP) alega ter sido vítima de uma série de ações arbitrárias por parte da Polícia Militar após se envolver em um acidente de trânsito. O caso aconteceu no último dia 10, quando o cabeleireiro Alexandre Ramos Mimary sofreu uma crise alérgica ao volante e colidiu o carro que dirigia contra outro veículo parado.

Mesmo sem a realização do teste do bafômetro, os policiais registraram Boletim de Ocorrência por suposta embriaguez e encaminharam o motorista à delegacia. Ele também recebeu dois autos de infração. A PM justificou a detenção nos aparentes sinais de embriaguez apresentados, como odor etílico e vermelhidão nos olhos.

A colisão aconteceu no cruzamento das avenidas Francisco Pereira Lopes com Comendador Alfredo Maffei. Mimary disse que havia almoçado feijoada em um restaurante próximo e passou mal no caminho de volta para casa, provavelmente por reação à carne de porco consumida momentos antes.

“Senti como se tivesse engolido uma espinha. Eu já estava no ponto de não conseguir mais respirar, com falta de ar e passando mal. Foi quando perdi o controle do carro e bati no da frente. Poderia ter acontecido algo pior comigo”, contou o cabeleireiro.

A Polícia Militar foi chamada e, ainda no local, registrou o B.O. Nele, constava que o motorista apresentava "odor etílico, fala pastosa, vermelhidão nos olhos e andar cambaleante". Esses sintomas levaram os policiais a deduzir que Mimary apresentava um possível estado de embriaguez.

O cabeleireiro tentou explicar que estava passando mal, mas não conseguiu. Então, foi levado à delegacia, onde outro policial percebeu o problema de saúde e resolveu encaminhá-lo ao hospital. “Recebi dois autos de infração sem ao menos fazer exame de bafômetro ou exame de sangue. O guarda do local decidiu que eu estava bêbado e me multou em aproximadamente R$ 4,5 mil", relatou Mimary.

Polícia Militar
O tenente da PM, Wagner Rocha Gonçalves, explicou que os policias são orientados a fazer o teste de bafômetro ou o exame clínico. Mas fez uma ressalva. “Se a gente no momento da abordagem não dispuser do bafômetro e só contar com os sinais que ele (motorista) apresenta, então o conduzimos ao plantão e lá, se ele concordar, será levado ao hospital, onde será feito o exame. Se não, analisamos somente o equilíbrio, a fala e o odor etílico”, comentou.

Responsabilidade
Já o delegado substituto Geraldo Souza Filho ressaltou que casos assim são incomuns. Ele disse, entretanto, que o motorista poderá responder criminalmente se for comprovada alguma imprudência.

“Se é algo que acontece de repente, a pessoa passa mal ao volante e não previu isso, não há problema nenhum, porque ela não sabia que isso podia acontecer. Agora, se é uma doença que a pessoa já tem e sabe que pode passar mal e perder o controle psicomotor, então ela pode ser responsabilizada sim”, disse Filho. Ainda de acordo com o delegado, o motorista poderá recorrer às multas aplicadas. "Farei isso o quanto antes. Já acionei meu advogado. Também penso em processar o Estado pela forma que fui tratado", ressaltou Mimary.

Sintomas
Além da crise alérgica, outras doenças como esclerose múltipla, hipoglicemia, mal de parkinson e diabetes também podem ser confundidas com embriaguez. Isso porque, durante uma crise, os pacientes apresentam dificuldades para falar e caminhar.

De acordo com o médico Rodolfo Telarolli, todas as medicações psiquiátricas, antidepressivos e calmantes, quando tomados em altas doses, também podem causar efeitos semelhantes ao da embriaguez.

Para evitar problemas nas ruas, o aposentado Sebastião Santos, que tem diabetes há 15 anos, sempre carrega na carteira a receita médica. “Se eles não souberem o que eu tenho, podem me dar remédio para embriaguez”, relatou. Fonte: Globo G1.

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