sábado, 6 de dezembro de 2014

Parkinson / treinamento funcional

por Cristina Iwabe-Marchese
2014.22.03 - A Doença de Parkinson caracteriza-se por dificuldades na concentração e planejamento de habilidade em diferentes ações concomitantes, provavelmente devido a alterações não somente da lesão no circuito dos núcleos da base, mas talvez por desvios de informações inibitórias e facilitatórias enviadas a regiões do córtex cerebral, relacionadas a função executiva e atentivos.

E à medida que a doença progride, podemos observar deficiências não apenas nas funções de transferências, como levantar-se da cadeira ou andar, como também naquelas relacionadas a atividades manuais de vida diária, como citados no estudo “Efeitos do treino funcional de membro superior em condição de dupla tarefa na Doença de Parkinson”.

Os autores deste referido artigo confirmam dados científicos extremamente relevantes referentes ao efeito da reabilitação direcionada a fisiopatologia da Doença de Parkinson, enfatizando principalmente a aprendizagem motora, baseado na neuroplasticidade de vias neurais ditas alternativas até então integras, como o cerebelo ou regiões do córtex motor suplementar (área medial), e também a estimulação de células silent das regiões acometidas (circuito do núcleo da base e áreas de atenção e cognição) que poderão ser degeneradas a posterior.

Observou-se que o treinamento funcional específico de uma determinada tarefa, associado à outra condição também funcional pode resultar em melhora não apenas na performance motora mas gerar sim, um aprendizado motor de caráter permanente. Tais dados confirmam também que a prática de uma tarefa que contém um “padrão fundamental de movimento” favorece a transferência de aprendizagem para outras tarefas que utilizam aquele padrão.

É de extrema importância que a reabilitação neurológica seja pautada na neurofisiologia das doenças, não utilizando métodos considerados, por mim inclusive, como de extrema relevância como Método Neuro evolutivo, Método Kabat, Integração Sensorial e Bandagem funcional. Mas nada adianta ter o conhecimento desses métodos sem saber como utilizá-lo em doenças neurológicas específicas. E o referido artigo utiliza-se de tal princípio. Ressalta-se o cuidado da metodologia utilizada, com grupo controle e experimental, de modo a assegurar e averiguar a real interferência da dupla tarefa no aprendizado motor desses indivíduos, podendo assim, transferir esses resultados para a prática clínica diária, visto que há somente um estudo relacionada a funcionalidade do membro superior nos indivíduos acometidos pela Doença de Parkinson, com metodologia ainda questionável.

Desse modo, os autores colaboraram fortemente para expor a problemática do oferecimento de programas de atividade física adequada a essa população, auxiliando no enfrentamento do processo de reabilitação de pacientes com doenças neurodegenerativas, proporcionando assim, uma otimização da sua funcionalidade conjuntamente com uma melhor qualidade de vida e inserção nas atividades sociais e do dia a dia. Fonte: Revista Neurociências, com ref. bibliográficas. Curso de Fisioterapia, Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas e Departamento de Neurologia / Ambulatório de doenças neuromusculares - UNICAMP, Campinas-SP, Brasil.

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