A droga chama-se tolcapona e costuma ser
utilizada nos tratamentos do Parkinson
Dopamina é um neurotransmissor que
compele a procurar por uma recompensa. Uma droga baseada nessa hormona pode
tornar-nos mais justos. E ajuda no tratamento de doenças como autismo ou
Parkinson.
24/3/2015 - Há uma droga legal que aumenta os níveis de dopamina e torna as pessoas mais justas. Segundo um estudo publicado na revista Current Biology, os investigadores da Universidade da Califórnia descobriram que a presença das moléculas desta substância no córtex pré-frontal do cérebro conduz as pessoas a repartirem recursos de forma mais equitativa.
A sensação que nos move
a procurar informação ou a ânsia por satisfazer um determinado prazer, como
sexo ou comida, são perceções da responsabilidade deste neurotransmissor.
A hormona entra na corrente sanguínea sempre que existe a possibilidade de
uma determinada ação se poder traduzir numa recompensa. A droga com as mesmas
capacidades chama-se tolcapona e costuma ser utilizada nos tratamentos do
Parkinson, uma doença em que a falta de dopamina tem impacto
na motivação, no controlo motor e na memória.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores fizeram um
jogo que tentava demonstrar o altruísmo do ser humano, mesmo perante
situações em que não recebiam recompensas. Por duas vezes, os cientistas
entregaram uma certa quantidade de dinheiro a uma pessoa que devia dividi-lo
com uma segunda: no primeiro caso, os voluntários tomaram tolcapona.
Num segundo foi usado um placebo. O primeiro grupo dividiu os bens de
modo mais igualitário com diferenças em relação ao segundo grupo de 10 a
15%
Ignácio Sáez, um
investigador espanhol em Berkeley, diz que este comportamento “pode dever-se ao
efeito do medicamento na ínsula, uma região do cérebro que se ativa quando há
um desvio sobre a expectativa social”. O medicamento torna os indivíduos
mais sensíveis aos valores sociais, contrariando os comportamentos negativos
que a dopamina pode catalisar, como a traição ou a cedência aos vícios.
Mas o objetivo dos
investigadores não está em lançar uma solução para a injustiça. “A dopamina
está relacionada com a esquizofrenia, as dependências, a depressão e a tomada
de decisões”, por isso conhecer o seu efeito no cérebro pode ajudar a aliviar o
sofrimento daqueles que padecem destas doenças. “Medir os efeitos deste
neurotransmissor na interação social é importante porque há transtornos, como o
autismo, que tem relação com essa interação”, acrescenta Sáez.
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