domingo, 5 de outubro de 2008

Compartilho com todos muito da minha alegria, fé e grande esperança de dias ainda melhores. Abraços. *TT

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Editorial (4/10/2008)

Vitória da persistência

A produção da primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas, conseguida por pesquisadores brasileiros, eleva o nível do desenvolvimento científico e tecnológico a estágios alcançados pelos países desenvolvidos. A construção da ciência se processa por etapas, acumulando conhecimentos até atingir patamares avançados como este. A vitória da área das ciências biomédicas consumiu dez anos de pesquisas, 35 tentativas frustradas de reprodução das linhagens de células cultivadas em matriz de gel e o risco de inviabilidade, em face do questionamento constitucional da Lei de Biossegurança perante ao Supremo Tribunal Federal. A continuidade dos ensaios, decorrente da decisão judicial favorável, já apresenta seus resultados práticos.

As clínicas de reprodução humana dão abrigo a embriões congelados para uso terapêutico, dentro de regras claras e embasadas em preceitos éticos. Muitos dos embriões podem se tornar descartáveis, com o passar do tempo, sendo, entretanto, doados para pesquisas científicas pelas famílias das quais procedem.

A primeira linhagem obtida resultou do descongelamento de 250 embriões que não seriam mais usados para fins reprodutivos. Dos 250 descongelados, apenas 30 chegaram à fase de blastocisto do qual podem ser extraídas células-tronco pluripotentes, que se diferenciam em qualquer tecido do organismo adulto.

O pioneirismo desse estudo científico se deve ao pesquisador James Thomson, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, que conseguiu derivar a primeira linhagem de células de embriões humanos em 1998. A técnica se disseminou pelos grandes centros de pesquisa norte-americanos, europeus e até de países em desenvolvimento como China e Índia.

As células-tronco embrionárias apresentam grande diferencial em relação às demais células, pois são capazes de se transformar em qualquer outro tipo de tecido biológico. O domínio da sua reprodução é fundamental para a continuidade das pesquisas biomédicas. Versáteis, elas são promissoras para terapias contra doenças degenerativas como o mal de Parkinson e diabetes.

No Brasil, os grupos de pesquisadores, mais persistentes ante os embaraços interpostos, principalmente de natureza religiosa, atuam no Instituto de Biociências da USP, liderados pela geneticista Lygia da Veiga Pereira e pela bióloga Ana Maria Fraga, e na Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenados pelo pesquisador Stevens Rehen. Antes, eles trabalhavam com células-tronco embrionárias importadas.

Com o anúncio da conquista dessa técnica científica, feito oficialmente por ocasião do 3º Simpósio Internacional de Terapia Celular, em Curitiba, surgem as possibilidades de multiplicação dos grupos de pesquisas para reprodução da nova técnica. Ganham, assim, as ciências biomédicas, o País por sua afirmação científica e, de modo especial, os pacientes portadores de doenças degenerativas, com a esperança do emprego das células-tronco para curar suas enfermidades.

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