domingo, 2 de setembro de 2012

Estudo busca revolução em tratamento

domingo, 2 de setembro de 2012 - A doença de Mal de Parkinson é doença crônica, neurodegenerativa, sem cura, em que o tratamento visa basicamente o controle dos sinais e sintomas da patologia. A maior prevalência se encontra em faixas etárias mais elevadas, mas pessoas jovens também podem desenvolvê-la. Até o momento, as pesquisas sobre sua etiologia demonstram um forte fator genético e outras causas vêm sendo estudadas.

Em busca de revolucionar o tratamento e melhorar a qualidade de vida do paciente, uma pesquisa internacional através da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista – UNESP de Botucatu e Faculdade de Ciências da Informação e Matemática, da Universidade de Regensburg da Alemanha, está em andamento no país, buscando diagnóstico precoce da doença, como também avaliar a alteração motora do paciente, tudo através de um biosensor(caneta biométrica) que avalia os movimentos do paciente.

A pesquisa tem como principais responsáveis, o acadêmico do 6º ano do curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Carlos Alberto dos Santos Filho, a Drª. Silke Anna Theresa Weber (responsável pela pesquisa - medicina/UNESP) e o Profº. Christian Hook (Chefe do grupo de pesquisa da Universidade de Regensburg/Alemanha). A equipe do estudo pioneiro ainda conta com neurologistas brasileiros, como Dr. Arthur Schelp (neurologista, chefe do ambulatório de doenças do movimento do HC/UNESP), Luiz Antônio Resende (neurologista, chefe do serviço de eletroneuromiografia do HC/UNESP), Thais Veloso (aluna do 4º ano de medicina - UNESP), e outros pesquisadores e colaboradores (brasileiros e alemães). A pesquisa ainda tem o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha.

Em entrevista ao O Regional, o acadêmico Carlos Alberto dos Santos Filho, explicou que o projeto trata-se de um estudo pioneiro, única pesquisa no mundo em andamento com o uso do biosensor. “Trata-se de um estudo clínico prospectivo para avaliação de padrões de alteração dos movimentos distais dos membros superiores com distúrbios do movimento (nesta pesquisa, particularmente, na avaliação de pacientes com Doença de Parkinson)”.

COMO SURGIU?
O estudo é desenvolvido na Universidade de Regensburg, há cinco anos e no Brasil, desde outubro de 2010, vem sendo testado em pacientes voluntários. Os pesquisadores usam um modelo matemático para a análise de movimento fino (pressão, movimento horizontal e vertical, rotação, estabilidade) através de um biosensor Biometric Smart Pen BiSP (um tipo de Support Vector Machine, cada vez mais importante dentro da medicina)

“Este biosensor tem formato semelhante a uma caneta e permite a aquisição de dados direto no sensor e uma transmissão com ou sem fio para um computador. O software analisa o padrão de cada componente de movimento dentro de uma média de normalidade e o grau de desvio. Há menos de cinco biosensores no mundo e apenas dois deles em exercício, os que estão conosco no Brasil”, explica Carlos Alberto.

Segundo ele, este equipamento tem sido utilizado unicamente no Brasil para avaliação de sua possível utilização no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com certos distúrbios motoros, como a D Parkinson.

A coleta de dados clínicos e medições do biosensor são realizadas no ambulatório de distúrbios do movimento do HC/UNESP em Botucatu-SP, com todos os pacientes voluntários e com sua assinatura em Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), com a aprovação prévia do projeto pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina. Participaram do estudo ao todo 84 pessoas, sendo 36 pacientes com diagnóstico de Parkinson (grupo I) e 48 pessoas sem distúrbio de movimento (grupo controle). O estudo se iniciou no final de 2010, com a primeira execução em outubro de 2010, e tem previsão de conclusão no final de 2013.

Os dados biométricos são avaliados pela equipe de matemática aplicada da Universidade de Regensburg através de análise computacional. Neste primeiro momento, não há mais inclusão de pacientes, apenas medições de realizações dos pacientes já cadastrados.

Em 2011, a equipe da Unesp (Carlos Alberto Filho e Drª. Silke Weber) esteve na Alemanha para avaliar o andamento da pesquisa com seus resultados parciais, tanto da parte médica quanto da parte da avaliação computacional, como também para planejar e delinear a efetuação das próximas etapas do projeto. Além dos brasileiros, estavam presentes na reunião o Profº Chrintian Hook e mais três alemães.

PESQUISA NA PRÁTICA
A pesquisa é composta por dois grupos de pacientes: um grupo com pacientes com diagnóstico de D Parkinson (grupo Parkinson) e um grupo de participantes sem distúrbios do movimento (grupo controle). O acompanhamento longitudinal dos pacientes com D Parkinson, com retornos trimestrais para novas medições, objetivam: avaliar a detecção de alterações motoras finas em pacientes com D Parkinson, através do biosensor BiSP,avaliar se há correlação entre o diagnóstico clínico e o do biosensor BiSP nos pacientes com D Parkinson, avaliar se medidas repetidas do biosensor BiSP permitem detectar possíveis flutuações nos pacientes e avaliar se medidas repetidas permitem indicar a dosagem ideal da medicação.

De acordo com Carlos Alberto, o estudo que continua em andamento tem apresentado elevado poder de identificação do distúrbio motor, conforme proposto na metodologia do projeto.

“A expectativa é de que isso venha contribuir no diagnóstico precoce e no acompanhamento com um refinamento maior da dosagem dos tratamentos em determinados distúrbios motores (como a D Parkinson), para oferecer, de forma ampla, uma qualidade de vida melhor e um controle mais efetivo da doença nos pacientes acometidos”, conclui.

Os bons resultados obtidos até o momento os animam para a aplicação do biosensor em outras patologias que cursem com alteração de motricidade.

Aos interessados em obter mais informações sobre a pesquisa e estudo realizado pela equipe, pode entrar em contato direto com o acadêmico Carlos Alberto Santos Filho através do e-mail (carlos_casf@me.com). Fonte: O Regional.

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