domingo, 19 de maio de 2013

Fornecedor atrasa, e pílula de R$ 0,16 custa R$ 1 no Nordeste

Estados da região podem unificar compras para baratear custos

18/05/13 - RECIFE - A Superintendente de Compras da Secretaria de Saúde de Pernambuco, Carolina Rodrigues Romeira, revela que, além das licitações desertas, o atraso na entrega de medicamentos é outra prática corriqueira que faz explodir o preço dos remédios de uso continuado.

— É um problema grave porque quebra o ciclo de abastecimento das farmácias que trabalham com margem de segurança de três meses para reposição de estoque. Já são 80 as empresas notificadas, das quais 27 punidas. Não só cobraram preços “absurdos”, como não cumpriram prazos estabelecidos na entrega de remédios.

Uma listagem de 32 remédios padronizados (que constam da relação do SUS) à qual o GLOBO teve acesso, datada do último dia de abril, indicava atrasos na data da entrega que chegavam a 46 dias, como no caso do Biperideno, usado por pacientes de Parkinson. Ou da Ciclospoporina, para pessoas que passaram por transplante, com atraso de 45 dias.
laboratórios não respondem

O atraso também ocorreu com a Asatripina, para portadores de lúpus ou transplantados. Cada comprimido custa R$ 0,16, mas houve atraso na entrega. A secretaria terminou adquirindo recentemente, em caráter de emergência, cada unidade por R$ 1.

— Não sei se é ação orquestrada, mas o fato é que ocorre desinteresse nas licitações, atraso na entrega e sobrepreço praticado por fornecedores. Quem tem menos culpa é a população, que é a mais prejudicada. Não há nada que justifique a prática. Não é possível que o Estado brasileiro seja afrontado por uma ação dessa — protestou o secretário Figueira.

Na Paraíba, o secretário de Saúde Waldson de Souza também se queixa:

— A gente abre licitação de R$100 milhões, não aparece ninguém nos pregões. Quando comparecem, só disputam a venda dos poucos remédios que interessam a eles. Já levamos o caso do monopólio e da cartelização ao Judiciário, o que motivou realização de audiências públicas, mas nada ainda foi resolvido — reclamou o secretário.

O GLOBO procurou a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), mas não obteve retorno.

Para tentar contornar o problema, secretários de Saúde do Nordeste se articulam junto ao Ministério da Saúde para que a compra de remédios seja centralizada, e, assim, ganhar escala e barganhar preço. A outra ideia é fazer um “pool” entre os estados para aquisições. O Ministério da Saúde já teria sido alertado sobre o problema, em 2011, mas não foi apresentada solução. Fonte: Globo G1.

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