Publicado em 10.04.2014, às 21h01
Segundo a Associação Brasil Parkinson, estima-se que 300 mil brasileiros tenham a doença
Foto: Hélia Scheppa/ JC Imagem
Mariana DantasDo NE10
Especialista em gestão empresarial, Gilberto de Oliveira Santos, 52 anos, estava no auge da carreira quando recebeu o diagnóstico que mudou radicalmente a sua vida. Gilberto começou a sentir os primeiros sintomas, pequenos tremores nas mãos, aos 44 anos de idade e decidiu procurar um médico. Passou por cinco neurologistas até descobrir, quase um ano depois, que tinha Parkinson. A doença evoluiu rápido e, nesse mesmo período em que procurou ajuda, os tremores aumentaram, atingindo os músculos da face e laringe, resultando na perda da fala.
A idade de Gilberto pode ter contribuído com a demora no diagnóstico. Considerada uma doença degenerativa, incurável, crônica e progressiva, o Parkinson é mais frequente em pessoas idosas. Geralmente, os sintomas surgem depois dos 65 anos de idade, mas cerca de 15% dos doentes desenvolvem o Parkinson antes dos 50 anos.
A doença provoca a perda de neurônios do sistema nervoso central em uma região conhecida como substância negra, resultando a diminuição do neurotransmissor dopamina, responsável pelo controle dos movimentos.
Tremor, rigidez muscular e distúrbios do equilíbrio são alguns dos sintomas, que podem ser retardados através de tratamento medicamentoso. É por isso que nesta sexta-feira (11), quando se comemora o Dia Mundial do Parkinson, médicos e associações de pacientes alertam sobre a importância de desmistificar a doença e mostrar que, através de tratamento, é possível melhorar a qualidade de vida.
Gilberto ao lado da esposa Maria José. Foto: acervo pessoal
Para Gilberto, o momento mais difícil foi no dia que recebeu o diagnóstico."Por que comigo? E por que tão cedo? Eu realmente não entendia. Estava me realizando profissionalmente, era convidado para ministrar palestras, também acompanhava o crescimento dos meus dois filhos", afirma, ao lembrar o que passou pela sua cabeça quando saiu do consultório médico.
Mas o sentimento de insegurança e tristeza duraram pouco. "Posso deixar de falar e de escrever, mas nunca vou deixar de sonhar. Carrego comigo esse lema desde a primeira semana de tratamento". E foi assim que, depois de começar a tomar as medicações, passar por várias sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, Gilberto voltou a falar. Embora possua limitações de movimento, hoje ele tem uma vida ativa, presta serviços de consultoria e ainda escreve para o seu blog "A Turma do Treme Treme". "Procuro mostrar que o Parkinson não é uma sentença de morte. Perdi um amigo da minha idade porque ele se entregou para a doença. Ele poderia estar vivo e feliz".
A presidente da Associação de Parkinson de Pernambuco (ASP-PE), Terezinha Veloso, afirma que muitos pacientes têm dificuldade de assumir a doença. "É fundamental aceitar o tratamento, até porque além dos medicamentos, é necessário passar por sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional", disse. Segundo ela, Pernambuco não possui nenhum levantamento sobre o número de pacientes no Estado. "O que posso afirmar é que a doença atinge 1% da população com mais de 65 anos", disse. No País, segundo a Associação Brasil Parkinson, estima-se que 300 mil pessoas tenham a doença.
João Batista voltou a estudar para se manter ativo
O professor aposentado João Batista da Silva, 67, também resolveu lutar. Descobriu que tinha Parkinson há nove anos e precisou deixar as salas de aula onde ensinava filosofia. Porém, decidiu ser voluntário em uma ONG, onde passou a dar aulas com menor duração e "mais informais", sem precisar ficar muito tempo em pé. Também voltou a estudar na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursa letras. "Fui 'premiado'. Além de Parkinson, tenho diabetes, três pontes de safena e ainda enfrentei o câncer de próstata. Nada disso me fez desistir de viver", disse.
Segundo o neurocirurgião e pesquisador do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antonio Marcos Albuquerque, o tratamento é fundamental para controlar a doença, mas sua evolução varia de acordo com o perfil de cada paciente. “Sendo uma doença degenerativa e sem cura, o tratamento busca manter a autonomia do paciente por mais tempo possível. Pessoas convivem com a doença por mais de 30 anos, mas tudo vai depender do quadro clínico. Porém, sem controle nenhum, o Parkinson pode evoluir rapidamente e levar o paciente à morte”, alerta.
Neurocirurgião Antônio Marcos afirma que o tratamento busca manter a autonomia do paciente. Foto: Mariana Dantas/NE10
A idade de Gilberto pode ter contribuído com a demora no diagnóstico. Considerada uma doença degenerativa, incurável, crônica e progressiva, o Parkinson é mais frequente em pessoas idosas. Geralmente, os sintomas surgem depois dos 65 anos de idade, mas cerca de 15% dos doentes desenvolvem o Parkinson antes dos 50 anos.
A doença provoca a perda de neurônios do sistema nervoso central em uma região conhecida como substância negra, resultando a diminuição do neurotransmissor dopamina, responsável pelo controle dos movimentos.
Tremor, rigidez muscular e distúrbios do equilíbrio são alguns dos sintomas, que podem ser retardados através de tratamento medicamentoso. É por isso que nesta sexta-feira (11), quando se comemora o Dia Mundial do Parkinson, médicos e associações de pacientes alertam sobre a importância de desmistificar a doença e mostrar que, através de tratamento, é possível melhorar a qualidade de vida.
Gilberto ao lado da esposa Maria José. Foto: acervo pessoal
Para Gilberto, o momento mais difícil foi no dia que recebeu o diagnóstico."Por que comigo? E por que tão cedo? Eu realmente não entendia. Estava me realizando profissionalmente, era convidado para ministrar palestras, também acompanhava o crescimento dos meus dois filhos", afirma, ao lembrar o que passou pela sua cabeça quando saiu do consultório médico.
Mas o sentimento de insegurança e tristeza duraram pouco. "Posso deixar de falar e de escrever, mas nunca vou deixar de sonhar. Carrego comigo esse lema desde a primeira semana de tratamento". E foi assim que, depois de começar a tomar as medicações, passar por várias sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, Gilberto voltou a falar. Embora possua limitações de movimento, hoje ele tem uma vida ativa, presta serviços de consultoria e ainda escreve para o seu blog "A Turma do Treme Treme". "Procuro mostrar que o Parkinson não é uma sentença de morte. Perdi um amigo da minha idade porque ele se entregou para a doença. Ele poderia estar vivo e feliz".
A presidente da Associação de Parkinson de Pernambuco (ASP-PE), Terezinha Veloso, afirma que muitos pacientes têm dificuldade de assumir a doença. "É fundamental aceitar o tratamento, até porque além dos medicamentos, é necessário passar por sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional", disse. Segundo ela, Pernambuco não possui nenhum levantamento sobre o número de pacientes no Estado. "O que posso afirmar é que a doença atinge 1% da população com mais de 65 anos", disse. No País, segundo a Associação Brasil Parkinson, estima-se que 300 mil pessoas tenham a doença.
João Batista voltou a estudar para se manter ativo
O professor aposentado João Batista da Silva, 67, também resolveu lutar. Descobriu que tinha Parkinson há nove anos e precisou deixar as salas de aula onde ensinava filosofia. Porém, decidiu ser voluntário em uma ONG, onde passou a dar aulas com menor duração e "mais informais", sem precisar ficar muito tempo em pé. Também voltou a estudar na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursa letras. "Fui 'premiado'. Além de Parkinson, tenho diabetes, três pontes de safena e ainda enfrentei o câncer de próstata. Nada disso me fez desistir de viver", disse.
Segundo o neurocirurgião e pesquisador do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antonio Marcos Albuquerque, o tratamento é fundamental para controlar a doença, mas sua evolução varia de acordo com o perfil de cada paciente. “Sendo uma doença degenerativa e sem cura, o tratamento busca manter a autonomia do paciente por mais tempo possível. Pessoas convivem com a doença por mais de 30 anos, mas tudo vai depender do quadro clínico. Porém, sem controle nenhum, o Parkinson pode evoluir rapidamente e levar o paciente à morte”, alerta.
Neurocirurgião Antônio Marcos afirma que o tratamento busca manter a autonomia do paciente. Foto: Mariana Dantas/NE10
CIRURGIA - O médico Antônio Marcos Albuquerque ressalta que, para os pacientes cujo tratamento medicamentoso já não é mais eficiente, existe a possibilidade de cirurgia, que pode melhorar em até 80% o controle dos movimentos. A cirurgia consiste no implante de um eletrodo cerebral, que recebe descargas de um gerador instalado no peito e diminui a progressão da doença, estimulando a região da substância negra.
Mesmo sendo garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), muitos pacientes encontram dificuldade para fazer o procedimento, que custa mais de R$ 100 mil. Em Pernambuco, cerca de duas cirurgias são realizadas por mês no Hospital das Clínicas.
Mesmo sendo garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), muitos pacientes encontram dificuldade para fazer o procedimento, que custa mais de R$ 100 mil. Em Pernambuco, cerca de duas cirurgias são realizadas por mês no Hospital das Clínicas.
» Saiba mais sobre o Parkinson
Os sintomas iniciais do Parkinson são quase imperceptíveis e progridem lentamente, o que faz com que o paciente e seus familiares não consigam identificar logo as primeiras manifestações. Mas um dos primeiros sinais pode ser uma sensação de cansaço ou mal estar no fim do dia. A caligrafia pode se tornar menos legível ou diminuir de tamanho, a fala pode se tornar mais monótona e menos articulada e o paciente frequentemente torna-se deprimido sem motivo aparente. Podem ainda ocorrer lapsos de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade. Dores musculares também são comuns. Confira abaixo as mudanças que devem ser observadas:
- Um dos braços ou das pernas movimentando-se menos do que o outro lado
- Expressão facial perdendo a espontaneidade (como se fosse uma máscara)
- Diminuição da freqüência com que a pessoa pisca o olho
- Movimentos mais vagarosos
- Tremor primeiro em um dos lados, usualmente em uma das mãos, mas pode se iniciar em um dos pés
- A memória e o raciocínio são geralmente afetados
- Rigidez - acontece porque os músculos não recebem ordem para relaxar. Pode causar dores musculares e postura encurvada
- Alteração no equilíbrio: a pessoa anda com a postura levemente curvada para frente, podendo causar cifose ou provocar quedas (para frente ou para trás)
- Voz: a pessoa passa a falar baixo e de maneira monótona
- Escrita: a caligrafia torna-se tremida e pequena
- Sistema Digestivo e Urinário: deglutição e mastigação podem estar comprometidas
- Depressão e déficit cognitivo
Os sintomas iniciais do Parkinson são quase imperceptíveis e progridem lentamente, o que faz com que o paciente e seus familiares não consigam identificar logo as primeiras manifestações. Mas um dos primeiros sinais pode ser uma sensação de cansaço ou mal estar no fim do dia. A caligrafia pode se tornar menos legível ou diminuir de tamanho, a fala pode se tornar mais monótona e menos articulada e o paciente frequentemente torna-se deprimido sem motivo aparente. Podem ainda ocorrer lapsos de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade. Dores musculares também são comuns. Confira abaixo as mudanças que devem ser observadas:
- Um dos braços ou das pernas movimentando-se menos do que o outro lado
- Expressão facial perdendo a espontaneidade (como se fosse uma máscara)
- Diminuição da freqüência com que a pessoa pisca o olho
- Movimentos mais vagarosos
- Tremor primeiro em um dos lados, usualmente em uma das mãos, mas pode se iniciar em um dos pés
- A memória e o raciocínio são geralmente afetados
- Rigidez - acontece porque os músculos não recebem ordem para relaxar. Pode causar dores musculares e postura encurvada
- Alteração no equilíbrio: a pessoa anda com a postura levemente curvada para frente, podendo causar cifose ou provocar quedas (para frente ou para trás)
- Voz: a pessoa passa a falar baixo e de maneira monótona
- Escrita: a caligrafia torna-se tremida e pequena
- Sistema Digestivo e Urinário: deglutição e mastigação podem estar comprometidas
- Depressão e déficit cognitivo
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