GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO (Para ver o vídeo carregue pf)
(vídeo do poema lido pela minha esposa)
Em primeiro lugar quero agradecer ao Hugo todo o trabalho
que teve para continuar a conduzir este blog tão útil como necessário a todos
nós doentes de Parkinson.
Depois quero dizer a todos quantos como eu sofro de
Parkinson que, desde o meu último post neste blog, apesar de me sentir pior
continuo a sonhar com a cura de Parkinson. A última coisa que me poderiam fazer
era roubar o sonho e ainda não me dei como vencido.
Por falar em sonho, cumpre-me informar que realizei o meu
sonho de publicar alguns dos meus poemas em livro. Este ano foi lançado o meu
livro de poesia “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO” editado pela Chiado Editora – Portugal
– e também dedicado aos meus companheiros de Parkinson. O livro está à venda
AQUI
Deixo aqui este poema que vos fala da nossa doença.
Voltarei. Saúde para todos
ROMASI
Rogério Martins Simões
GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO…
Rogério
Martins Simões
Inocento as
minhas mãos.
Invento
gestos.
Golpeio
convenções.
Antecipo
decisões
Quero
chegar ao cume…
Acender o
lume
E descer a
vereda num sopro.
Sopra sobre
mim, dá-me o trilho…
Golpe de asa no sequeiro.
Inocento a
vida.
Piso um
milho que suga um canavial.
Debruço-me
nas tábuas silenciosas,
O arrabalde
enxota um pombo num corte de asas.
Vou a
caminho,
Se chegar
tarde tarda o destino.
Chegará a
tua vez…
Chega a
todos,
Quero
chegar ao cimo da rampa.
Não! Não preciso
de campa,
E de bichinhos
da seda,
Acendam o
lume!
Golpe de asa no sequeiro
Inocento a
minha fala. De que falo?
Falo de
sofrimento?
Fala comigo!
Faz um
gesto.
Falo!
Golpe de asa no sequeiro
Inocento a
sorte. Que sorte?
Estou
descalço…
Descalço os
pés e coloco as botas das léguas cardadas…
Pesadas
tréguas.
Falsas
pistas,
Às riscas,
no veludo,
É Entrudo e
sambo!
Não! Não
sei sambar!
Danço tudo…
Danço nas
letras!
Basta um
toque do moscardo e irei ao fundo.
A orquestra
toca,
Na toca me
afundo.
Do fundo me
ergo, tudo confundo,
Volto ao
colete-de-forças que me não dá tréguas.
Golpe de asa no sequeiro
Inocento a
pressa. Não me empurres!
Desata o
atilho e solta o rouxinol …
Golpe de asa no sequeiro
Inocento a
ventura.
Deram-me
uma haste e um pano amarelo
Fiz mastro
e uma vela.
Não sei
velejar!
Tropeço num
novelo,
Estatelo-me
ao vento.
Arrumo as
botas num vão-de-escadas
Escadas não
são.
Que sorte:
uma tábua de salvação.
Golpe de asa no sequeiro
Inocento o
engano!
Troco uma
besta
Por dois
cavalos a motor.
Trago um guindaste
preso a uma retroescavadora.
Que faço
com a cenoura?
Que faço
com a dor?
Estendo o
pano e solto a alma…
Golpe de asa no sequeiro
Inocento o
meu coração.
Na escada,
que me leva ao azul sereno, ato um laço!
Deixa que
te toque no peito.
Abraço-te!
Sinto o
pulsar de uma cerejeira…
Golpe de asa no sequeiro
Inocento a
esperança.
Entrego ao
destino tudo o que me cansa.
Que me
cansa?
A falta de
esperança?
Este viver desesperado,
Na ponta de
uma navalha afiada.
Estou em
brasa no cativeiro
Acerto o
passo nas limitações…
Não!
Nas
figueiras também crescem figos secos e ovos-moles;
Os gaiatos
brincam com estrelas;
O sol
brilha;
A chuva
molha;
A noite
apadrinha os beijos;
O vento
sopra e dança
O luar
distende os versos
Com versos de
esperança.
Secam as
lágrimas no estendal
Já partiu o
aguaceiro…
Golpe de asa no sequeiro…
27-10-2011
00:08:08
(Registado no
Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral
das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Rogério Simões é um lutador símbolo!
ResponderExcluirMuito obrigado por compartilhar teus poemas.