Este Blog, criado em set/2001, é dedicado às Pessoas com Parkinson (PcP's), seus familiares, bem como aos profissionais da saúde que vivenciam a situação de stress que acompanha a doença. A idéia é oferecer aos participantes um meio de atualizar e de trocar informações sobre a doença de Parkinson e encorajar as PcP's a expressar sentimentos no pressuposto de que o grupo infunde esperança, altruísmo e o aumento da auto-estima. E um alerta: Parkinson não é exclusividade de idosos!
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Para sair da cama
Razão nº 1 para sair da cama de manhã: mudar o mundo. Difícil. Sua capacidade para regenerar a humanidade e salvar o planeta da autodestruição é zero. Mesmo se acordasse com superpoderes e, depois de se certificar que sua sensação de omnipotência não era efeito da ressaca da noite anterior, saísse para a tarefa de acabar com a insensatez humana e as barbaridades no mundo, não saberia por onde começar. Dizem que o próprio Super-Homem disse “cansei”, desistiu de combater o mal e hoje vive de levar crianças para voar num parque de diversões. Ou então fica na cama o dia inteiro.
Outra razão para sair da cama de manhã: trabalhar. Uma razão nobre. Ganhar a vida honestamente. Garantir meu sustento sem explorar ninguém e garantir o uísque das crianças. Mas já trabalhei demais. As crianças estão encaminhadas na vida. Não me pedem mais dinheiro. Ou me pedem e eu finjo que não ouço, o que é a mesma coisa. O tipo de trabalho que eu faço, na tabela das atividades que afetam a vida e o conhecimento das pessoas, está em 65º lugar, logo depois de empalhador de marmotas. Se eu ficasse o resto da vida na cama, sem trabalhar, ninguém iria notar a diferença.
Razão nº 3 para sair da cama: a perspectiva de um bom café da manhã. Mas um bom café da manhã pode ser servido na cama. O único problema seria convencer sua mulher que você acordou paralisado e precisa do iogurte na boca — todos os dias!
Outra razão para sair da cama: dar o exemplo. O que diriam os outros cidadãos de um homem ainda razoavelmente saudável e ambulante que prefere ficar na cama o dia inteiro? O que diriam a mulher, os filhos, os vizinhos, a posteridade? Meu legado seria o de alguém que concluiu que nada vale a pena e tudo é inútil, começando por sair da cama. Minha postura seria a de uma estátua simbolizando uma revolta contra a morte e o absurdo da existência, só que na horizontal. Meu legado seria de preguiça, certo, mas de uma preguiça com fundo filosófico.
A última e decisiva razão para sair da cama de manhã: você precisa fazer xixi. Não tem jeito: você sai da cama.
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