Desde novembro, falta remédio essencial para combater Mal de Parkinson. Doentes de diabetes e epilepsia também tiveram que parar tratamento.
03/02/2015 - José Paulo tem 48 anos e desde os 24 enfrenta o Mal de Parkinson. Para controlar os tremores e a rigidez de braços e pernas provocados pela doença, toma quatro tipos de remédio. Por serem caros e essenciais, os medicamentos são fornecidos pela farmácia do governo. No entanto, um deles, o entacapona, de 200 mg, está em falta desde novembro. Já que não pode pagar pelo remédio, José Paulo teve que parar o tratamento. Pelo menos outros 50 pernambucanos sofrem com a falta do medicamento, como mostrou o Bom Dia Pernambuco desta terça-feira (3).
Segundo a presidente da Associação de Parkinson de Pernambuco, Teresinha Veloso, o entacapona é fundamental para combater os sintomas do Mal de Parkinson, que é uma doença progressiva. Por isso, os pacientes correm riscos ao passarem tanto tempo sem o tratamento. “É importante que o remédio não falte em nenhum dia. Imagine três meses, como está faltando agora. Fizemos ofícios comunicando a situação à Secretaria de Saúde e à Farmácia do Estado, mas até agora não recebemos resposta”, afirma.
“Se sabem que licitação e o processo de compra demoram, por que deixar zerar o estoque para se fazer o pedido? É isso que a gente não consegue entender”, reclama José Paulo. Os pacientes ainda lembram que precisam se cadastrar a cada três meses na farmácia do estado para garantir o remédio. Mesmo assim, ocorrem faltas como a atual. José Paulo explica que apenas uma caixa do entacapona custa cerca de R$ 150. Por mês, ele precisa de quatro caixas, além de outros três remédios. Por isso, não pode arcar com o tratamento por conta própria.
Como ele, pacientes de muitas outras doenças degenerativas precisam de remédios caros e da consequente ajuda do estado para manter o tratamento. Ao todo, 17 mil pessoas em todo o estado são atendidas pela farmácia de medicamentos especializados do governo.
A dona de casa Fátima Sales é uma delas. Ela está desempregada e vai à farmácia todos os meses em busca dos remédios que a filha diabética precisa. Apenas a injeção usada para aplicar insulina custa R$ 100. “A pessoa desempregada, com duas filhas para criar, não pode pagar. Toda vez ligo para saber se tem, mas sempre dizem que está faltando. Tenho que ficar para lá e para cá gastando passagem sem ter”, lamenta.
“Isso é uma falta de respeito com o ser humano. Eu só peço ao governo que tome providências, porque a saúde é dever do estado”, reforça, revoltada, uma funcionária públcia que preferiu não se identificar. Ela esteve na farmácia do estado em busca dos remédios que a filha de 13 anos toma para conter a epilepsia, mas também voltou de mãos vazias para casa.
Procurada pela TV Globo, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que já finalizou o processo de compra da insulina asparte e o medicamento deve chegar até o fim do mês. Antes disso, as agulhas usadas pelos diabéticos também serão repostas. Sobre o medicamento para epilepsia, o estado informou que o fornecedor atrasou a entrega, mas deve normalizar o serviço na semana que vem.
Quanto ao entacapona, procurado pelos doentes de Parkinson, a farmácia informou que o problema de abastecimento atinge o país inteiro, mas medidas legais estão sendo tomadas para encontrar uma solução. Fonte: Globo G1.
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